Você consegue acompanhar os ensaios de moda?
Só os mais importantes, como as capas. Mas mesmo estando longe, eu arquiteto tudo, converso bastante com todos. Então não é necessário que eu esteja presente fisicamente nos shootings.
Já teve algum problema ao dirigir um fotógrafo de estilo marcante?
Não, não tenho esse problema. Quando eu chamo um fotógrafo é porque quero a direção dele. Senão seria chatíssimo, né? Tudo igual, apenas com a minha direção, seria muito monótono. Já escolho a história e o vestido que combinem com o fotógrafo. Sei que o Terry Richardson, por exemplo, tem capacidade de aproveitar um determinado tipo de roupa, uma determinada atitude que aquela roupa provoca. E isso também vale para os modelos e stylists. Meu trabalho é fazer essa costura, orquestrar isso, escolher as pessoas certas para trabalharem juntamente.
Na hora de criar o conceito para os editoriais, você pensa na consumidora japonesa?
A “Vogue Nippon” fala com a mulher japonesa em outras seções. Temos matérias de consumo, reportagens que falam com essa mulher. Nos editoriais, no entanto, faço sempre uma escolha internacional. Acredito que se olharmos os editoriais de todas as “Vogues”, não conseguimos descobrir de que país é cada uma delas. Porque estamos falando de uma mulher internacional, não importa onde são feitas as revistas. Quem faz “Vogue” trabalha para construir um sonho.
As pessoas que trabalham para construir esse sonho da moda, nos últimos tempos, acabaram virando estrelas. Tipo a Anna Wintour.
Sim, mas isso acontece porque estamos vivendo uma nova fase. A moda, de uns cinco anos pra cá, passou a existir de fato na internet. E a web, que tornou tudo mais aberto, provoca uma maior curiosidade em torno desse mundo. Existe a vontade de investigar, por isso todos querem saber, conhecer, entrevistar as editoras de moda. São mentes pensantes, criativas. A diferença de hoje, com a internet, é que, quem não for verdadeiro, quem não trabalhar com sinceridade e paixão, não vai durar. Ficou mais fácil separar o joio do trigo.
Já que você entrou no assunto internet, impossível não falarmos sobre o seu perfil no Twitter.
Óbvio! Mas o meu Twitter (@AnnaDelloRusso) surgiu depois do meu blog (annadellorusso.com). O blog tem uma função mais geral. O Twitter para mim é um diário online, de notícias que estão acontecendo ao longo do dia. Faço atualizações dos meus percursos. Por exemplo, existe um preparo para fazer uma edição mensal de uma revista: falar com pessoas, ter ideias. Pelo Twitter eu consigo compartilhar isso com muita gente. Deixar já algumas pistas, uns highlights do que estou fazendo. E também ter novas ideias e conhecer novas pessoas.
Estar no Twitter significa também estar mais acessível aos seus admiradores.
É a primeira vez na história da moda que o lado de cá fala com o lado de lá. A internet mudou a moda. Cairam as barreiras, capisci? Antes se imaginava que quem trabalhava com moda fazia parte de uma casta inacessível da sociedade, e na realidade era isso mesmo. Hoje, com tudo assim escancarado, conseguimos conhecer melhor quem são as mentes pensantes atrás da moda. E, claro, se descobre que realmente essas mentes são maravilhosas, são pessoas criativas, mas que trabalham muito.
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